segunda-feira, 30 de novembro de 2009

O que leva um pai ou uma mãe a esquecer um filho dentro de um carro?

A história de Vilma, a mãe que esqueceu seu bebê no carro na tarde de quarta-feira (dia 17) e acabou sendo responsável pela morte da criança, não é inédita. Só em 2006, 2007 e 2008, ocorreram três casos parecidos no Brasil, todos eles atribuídos a uma mudança de rotina. Mas o que leva uma mãe a esquecer seu bebê dentro do carro por um longo período?
Segundo a psicanalista Elizandra Souza, essa situação poderia acontecer com qualquer mãe. Ela explica que quando a pessoa segue uma rotina muito regrada, essa sequência de atividades torna-se automática no cérebro. Por exemplo, o caminho que a pessoa faz diariamente para ir da casa à escola dos filhos e depois ao trabalho. Uma simples alteração nessa rotina pode atrapalhar esse sistema “automático”, causando falhas na nossa memória.

Lapsos de memória como este são comuns em pessoas que vivem sob pressão no trabalho, têm muitas responsabilidades, muitos afazeres e vivem em constante estresse. Preocupações demais, aliadas a uma escapada na rotina, podem gerar lapsos, o que geralmente acontece com qualquer um, mas não damos tanta importância. “Assim como nos esquecemos de ir ao banco, de entregar algo para alguém, de trancar a porta ou de fazer alguma tarefa, a mãe que esqueceu a criança no carro também sofreu um lapso, só que com uma consequência muito mais desastrosa”, explica a Dra Elizandra. “Provavelmente, na cabeça dela, ela tinha uma memória projetada de que havia deixado a bebê na creche e depois seguido para o trabalho. Vivemos de uma forma tão sistemática que qualquer alteração nesse sistema nos deixa atrapalhados, até mesmo um feriado na segunda-feira, por exemplo”.

É claro que casos como esse são tragédias que nem imaginamos que podem acontecer com a gente, mas alguns cuidados podem ser úteis para evitar este tipo de acidente. Um deles é colocar em seu carro um retrovisor ajustável, feito para os adultos conseguirem ter uma boa visualização da criança que está no banco de trás. Outra saída é ter horários fixos, todos os dias, para você falar com seu companheiro, mãe, sogra, babá. Assim, você separa alguns minutos do seu dia para deixar de lado os pensamentos sobre o trabalho e garantir que está tudo bem. Se naquele dia foi o pai que levou as crianças pra escola ou o bebê pra creche, por exemplo, não custa nada perguntar: as crianças foram bem pra escola?, o bebê chorou pra entrar na creche?, e assim por diante. A ideia não é fazer terrorismo, e sim uma forma de fazer com que a mente faça uma retrospectiva daquele dia - e evitar um acidente que pode ter consequências ruins pra família toda.

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